domingo, 24 de janeiro de 2010

Bloqueio

Tenho tanta coisa pra falar mas não sei como. Como se minhas palavras saíssem e formassem frases que, sem força e tímidas, batessem contra um muro pedindo passagem. Mas o muro, cheio de censura, forte e poderoso como um oráculo, as impedisse de passar para o outro lado. Meus pensamentos, então, dando um último suspiro de liberdade, avistam o horizonte que grita ao longe, e voltam, mudos e cabisbaixos, retornam à minha cabeça e confundem tudo. Minha cabeça, enjaulada, tem olhos suplicantes e visionários, mas a eles não é permitido falar. E minha boca, indiferente, engole a seco, garganta a baixo, os pensamentos, as palavras e frases, fazendo-os, todos, voltar.



Ouvindo: Wake up - Arcade Fire

2 comentários:

Siturcio disse...

Há tempos não vinha me deliciar com o furor de vossas palavras. Eis, que depois de certo tempo, me deparo com um grito esplendoroso que quase me cega (o branco no preto quase me cega, ironicamente). Saber que é humana, com sentimentos humanos, com dores humanas [pois muito lhe confundi com um tipo raro de deidade, com pensamentos extramortais, cuja profundidade e beleza faziam-me sentir um singelo homemzinho, com pensamentos de mais homemzinho ainda] me faz sentir uma certa afinidade, ainda que dorida.

Conquanto as palavras sejam "mortais", o modo como as defere, e modo como elas se encontram com o leitor, é digno de uma verdadeira deidade, outra irônia, vez que parecem tão externas a ti, cuja imagem aparenta uma serenidade sublime.

Neste post, em especial, encontrei-me. Vislumbrei-me como que caido no meu leito a pensar por noites e noites! Procurando por palavras que não existem para expressar o que não pode ser expressado por palavras. Angustiei-me de um bom modo.

Meus mais sinceros agradecimentos!
Do seu sempre ídolo,
S.

Adriana Cajado Costa disse...

Veja o comentário que fiz no meu blog.
Abraços