segunda-feira, 28 de abril de 2008

17/04/07

E de repente me deu um frio na barriga,um sentimento de sei-lá-o-quê. Seguido de certa nostalgia,de uma vontade de sorrir. De uma alegria sem um motivo,sem saber ao certo.
E eu parei,e senti. Até aquilo desaparecer,e eu não sentir mais...

.


A verdadeira beleza da vida está contida nas coisas mais simples,que são as mais significativas.São os detalhes que fazem a diferença,as nuances que completam as cores,os pontos que fazem as retas,e as figuras que formam o quadro.

O brilho de um sorriso,a doçura de um olhar,a eternidade de um segundo,a leveza da brisa que sopra,o toque macio da pele,a pureza de uma criança,o som de um sussurro.
As gotas que caem,a luz do sol iluminando a manhã,as partículas de poeira no ar.A leveza das nuvens,o vôo de uma borboleta.A folha que desprende do galho,o botão que desabrocha.O céu avermelhado do crepúsculo.A voz,o timbre,a gargalhada,os sons mudos do beijo.

Os gestos,as danças,as falas.As dores que doem. As delícias e os sabores. O cheiro das rosas,a vermelhidão da maçã.Os peixes no rio,as canoas,as pessoas.Os gritos e as lágrimas,o carro que passa sem parar.
O olhar pela janela,o vidro fechado,o sentir.
A plenitude,o desejo e a satisfação.
O prazer,a vontade e o fim.

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Gostaram do texto?
Foi escrito por mim,num dos raros momentos de inspiração que me acometem.
E eu devo este raro momento à musica que eu escuto agora,e que escutava na hora.Que música mais nostálgica!

*Comptine d'un autre ete : l'ap-Yann Tiersen

:}




Nem lembrava de ter escrito isso, tava vendo uns posts antigos do fotolog e achei esse aí. Gostei do texto, por isso postei. Até porque voltei a entrar em hiato criativo. Então é issaê!

*Idioteque - Radiohead

P.S.: Depois preciso muito fazer um texto sobre plágio, que isso já tá me tirando do sério!

sexta-feira, 25 de abril de 2008

Bionic

Em dois anos de muita proximidade ela aprendera a ser cristal. Frágil e transparente.
Em duas noites de muita distância, ela aprendera a ser pássaro. Livre e desempedida.
Semanas seguidas dos anos, ela passou na cama. Adoeceu, emagreceu.
Horas seguidas das noites, ela passou dançando. Acordou, encantou.
Hoje ela não pára, segue em frente. Suspira, mas com alívio.
Em breve, o pássaro de cristal voará para longe, pois aprendera que deve migrar, aprendera a seguir o bando e as estações.
E desaparecerá na imensidão do céu, batendo as asas rumo ao amanhã.

*Bionic - Placebo

terça-feira, 22 de abril de 2008

Eu e eu

-Eu acredito que as coisas não acabam por aqui, que tem que ter algo pós-vida.
-Ah, eu não. Sou mais cética. Acho que Augusto dos Anjos tava certo, e todos servirão apenas de comida aos vermes.
-Eu prefiro não me deixar influenciar por idéias alheias.
-Nietzsche dizia isso quando buscava inspiração.
-Mas ele também se deixava influenciar por Wagner e Schopenhauer.
-Eu discordo de Nietszche.
-Eu concordo, em partes.
-Eu queria ser mais otimista.
-Ah, não, creio a vida deve ser encarada da forma mais realista possível, nem que para isso se seja taxado de pessimista.
-Aprendi a sempre ressaltar o lado ruim da vida, e isso é ruim.
-Pelo menos assim não se cria a ilusão de que tudo é bom e florido.
-Eu acho que o amor salva.
-Nem sei se acredito em amor... a humanidade não está preparada pra um sentimento tão nobre como este é cantado.
-Dizem que é eterno, mas prefiro acreditar que é eterno apenas enquanto dura.
-Eu acho que deve ser eterno, e acredito em almas gêmeas.
-Por favor! Quanto romantismo...
-E qual a graça de se viver sem romance, sem intensidade?
-Tem graça sim, assim você não se machuca.
-Não machuca, mas também não sente.
-Prefiro ser livre, desapegada de quaisquer futilidades.
-"Almejas voar e não te sentes livre da vertigem?"
-Goethe é sempre tão sábio.
-Veja Werther, por exemplo. Esse sim era um verdadeiro homem, daqueles sem igual. Morreu por amor, pelo que acreditava.
-Era um dramático, suicida, isso sim. Poderia facilmente ter se apaixonado por outra.
-Ah, não é bem assim. Existem bilhões de pessoas no mundo, mas às vezes só queremos uma.
-Uma que dificilmente valerá a pena.
-Mas existe alguém que valha a pena, afinal?
-Talvez...
-Isso foi otimista.
-Tenho minhas fases, mais que a lua.
-E agora, qual a fase?
-Estou crescente... há pouco minguava.
-Sempre preferi a noite.
-Eu também. Quando era pequena, passava horas admirando o céu.
-Sempre quis ganhar um telescópio, mas o máximo que consegui foi quebrar um, certa vez numa loja.
-Eu sempre quis tantas coisas.
-Eu costumava querer pessoas, era super platônica.
-Queria um cigarro.
-Você não pretende parar?
-Pretendo, não agora.
-Agora, agora deixa de ser agora toda hora.
-O óbvio é tão desprezível.
-Mas às vezes é necessário!
-Existem pessoas que não conseguem enxergar o óbvio.
-Acho que sou assim. Isso é bom?
-Não saberia dizer. As verdades variam. Nada é absoluto.
-Lógico, isso é óbvio!
-Quer dizer... o que é verdade, afinal? Não sabemos de nada, nem sabemos quem somos.
-Eu sei que eu sou eu.
-E quem é você?
-Eu também sou você.

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Dear diary

Há tempos que não faço isso, mas hoje bateu uma vontade de escrever sobre meu dia. Começou cedo, fui obrigada a assistir o jogo do Flamengo x Botafogo. Nem gosto de futebol, não entendo nada, mas me diverti pra caramba! Por causa das torcidas loucas e das pessoas fora de controle. Passei o dia fora, com ótimas companias. Mas tava me sentindo estranha, sei lá.
Mal tinha comido o dia todo, já que acabei botando tudo pra fora pela garganta de uma forma muito gore. \,,/ (não, nada de mia, não boto mais fé nisso). De repente comecei a apagar, aos pouquinhos, sentir uma horrível dor de cabeça e mal estar físico. Quando minha irmã teve a brilhante idéia de comermos algo. E foi só comer que melhorei 90%.
No carro, comecei a contar pra mamãe do quanto isso era bizarro. Há algum tempinho eu começo a me sentir mal assim quando passo muito tempo sem comer. Parece que alguém aperta o botão desligar, e eu logo me calo, fico triste e passo mal. De repente eu, que podia passar dias sem ingerir quase nada, começar a funcionar assim.
E o pior é que nunca capto que tô passando mal ou fico triste pela falta de alimento. Até comentei do caso mais bizarro, na faculdade, quando henrique foi me visitar e me encontrou semi-apagada, e depois de descartarmos algumas hipóteses descobrimos que era isso.
E, contando tudo pra mamãe, achando the whole situation a coisa mais patética e fresquinha do mundo. Quando de repente, minha mãe (que é médica, pra
os que não sabem) que não acha a situação tão engraçada quanto eu, vira pra mim, seríssima, e diz que estou tendo frequente hipoglicemia, o principal sintoma de diabetes.
Minha família toda, tanto paterna quanto materna é propensa a isso. Meu pai era, e sempre temia que eu e minha irmã nos tornássemos.
Continuando a conversa fui descobrindo que não estava apresentando apenas este sintoma, mas vários outros também.
Tô morta de medo. Muito, muito medo. Scared to death. E hoje mesmo tinha comentado com um amigo que vida sem chocolate não era vida. Mas chocolate é o mínimo, cara. Só de pensar que minha vida pode mudar bruscamente (e pra pior) eu paraliso.
Farei o exame amanhã, já que é requerido que se esteja em jejum.
Espero que a suspeita não se confirme. Eu realmente espero.

*What you give - Tesla

It's not whatcha got, it's a-what you give.
It ain't the life you choose, it's the life you live.
It's only what you give,
It's not whatcha got, a-but the life you live.
It's the life you live.

domingo, 6 de abril de 2008

Por una cabeza

Hoje eu senti saudade. Uma saudade muito forte, que se apossou de mim. Me fez chorar. Soluçar. E veio tão de repente. A saudade mais dolorosa que há! Foi só ouvir um tango que lembrei dele, e desabei a chorar. Por isso evito ouvir tango. São tantas memórias. É tão melancólico pra mim.
Hoje senti saudade de um homem. Mas não qualquer homem. Um dos mais inteligentes e brilhantes, e sem dúvida o mais sensível. A figura masculina mais respeitável que já conheci.
Não nos despedimos, e quando voltei, ele já não estava mais aqui. E nunca mais estará. E toda vez que tento vê-lo, sempre que vou visitá-lo, ficamos tão distantes. Ele não me responde mais, nem me consegue ouvir.
E hoje eu sou tanta coisa sem ele. Coisas que ele não se orgulharia que eu fosse. E isso aumenta meu pranto. Eu sempre sou tão fraca, e ele sempre foi tão forte.
Qualquer saudade é minúscula perto desta. E há tanto tempo que não a sentia assim. Corri e apanhei suas últimas fotografias. Minha memória de seu rosto já se tornara falha. O que mais lembro são as mãos, manchadas da idade, dedos compridos, pele macia. Lembro da voz grave, grossa, zangada e imperativa, e no entanto, às vezes tão doce.
Me orgulho de ter conhecido este homem. De parecer com ele, em diversos sentidos. De ter sido gerada por ele. Me orgulho por este homem ter existido. Por poder tê-lo chamado de pai. Por ter sido a última pessoa que beijou suas mãos já sem vida. Me orgulho desta saudade, e de chorar estas lágrimas quentes por ela. Me orgulho da dor que dilacera o peito, e do sobrenome que carrego. E se me orgulho de viver, e ser quem sou, é por ele.
Meu ídolo, minha maior saudade. Meu muitas vezes esquecimento analgésico. Os tangos nas tardes de domingo. E são quase quatro anos...