sábado, 27 de setembro de 2008

The world is a vampire, sent to drain...

Desumano, eu me pergunto o que essa palavra quer dizer. Afinal, quem realiza os atos desumanos?

Outra quote do Mundo de Leland pra acompanhar:

"I'm only human, man."
"It's funny how people only say that after they do something bad. I mean, you never hear someone say, "I'm only human" after they rescue a kid from a burning building."


Sem querer cair no clichê, mas me parece inevitável: quão racionais nós realmente somos?

Capitalismo é uma merda, socialismo é utopia, dinheiro corrompe, pobreza corrompe. Falar não leva a nada, ação fala mais alto, mas as pessoas ficam tão paralisadas de medo que não conseguem agir.

Você quer saber como as coisas acontecem, mas quando finalmente sabe prefere nunca ter descoberto. Ignorância é uma benção! Eu acho que preferia ficar na caverna, a caverna é segura e dá até pra brincar com as sombras...

Então você finalmente entende como funciona a chamada máquina do mundo e tenta ir contra o sistema com toda sua raiva e revolta, mas isso só lhe faz perceber que é muito mais complexo do que se imaginava, e você assina seu próprio atestado de impotência. Despite all your rage you are still just a rat in the cage.

Quem precisa de vida quando tem heroína? Quer dizer, que se foda a vida e sua falta de sentindo, você fode seu corpo e esquece que o mundo tá fodido.

É cansativo demais ir contra a corrente, por isso a maioria simplesmente aceita conformada. É claro que também existe aqueles que tentam fazer alguma diferença no mundo, não podemos esquecê-los. Aqueles que pregam o comunismo com blusas che guevara, all stars e chaves do carro penduradas no bolso. Aqueles vegans que não deixam de ir ao McDonald's comprar uma coca cola, e aqueles pseudo-revoltados que escrevem textos como esse pra externar a raivinha e continuam sem fazer porra nenhuma pra mudar.

Quer dizer, o que somos? Somos todos hipócritas? Somos todos humanos? O que é ser desumano?

sábado, 20 de setembro de 2008

Manhã de setembro

O céu é cinza,
plácido como as águas paradas de um rio
O vento frio chacoalha as folhas das árvores
Um pássaro negro voa solitário no vazio
Rasgando as nuvens carregadas
de chuva de lágrimas contidas
O céu da boca cheio de cinzas
Arde e solta fumaça
e os negros olhos se fecham
Pra vida que lá fora passa

.

Ficar sem dormir dá nisso.

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Abençoados os que esquecem

"Sometimes the most important stuff goes away, it goes away so bad, it’s like it was never there to begin with. It’s funny the stuff that sticks in your head."

Hoje eu tava arrumando as tralhas do meu quarto e encontrei alguns diários, coisas escritas de muito tempo atrás. Eu não lembrava de ter escrito quase nada daquilo, incrível. Pior ainda: eu não lembrava de ter passado por aquelas coisas... chega a ser assustadora a capacidade de selecionar os fatos que a nossa memória tem.
Coisas importantíssimas que desaparecem como se nunca tivessem acontecido, coisas banais que ficam no lugar, coisas banais que mudam, por motivos conhecidos ou não, a memória tá sempre sendo construída e desconstruída e isso muda tudo. Mudar a memória é mudar a vida.
Fróid diz que as lembranças mais importantes sempre somem e as banais ocupam o lugar, linkando os fatos daquilo que não se consegue resgatar. Como no dia em que a irmã dele nasceu e tudo que ele recordava era ter feito uma viagem de trem. Ou quando você conhece alguém e esquece de praticamente toda a interação que teve com essa pessoa, mas consegue perfeitamente lembrar da calça quadriculada que aquela sua melhor amiga da quinta série tava usando na sala de música, ou da camisa branca que talvez não fosse branca que seu namorando usou na primeira vez que vocês se viram.
Eu lembro de uma discussão em uma aula de história no terceiro ano em que o professor disse que o passado era mutável e todos da sala, incrédulos e putos, riram e discordaram (um aluno inclusive se excedeu mais que os outros, gritou com o professor e dormiu o resto da aula, babando o livro de história geral em protesto). Minha posição a respeito disso tudo eu não recordo, mas a cara amassada do menino que dormiu eu consigo lembrar.
Como diria Woody Allen: a história é feita de vencedores, se os nazistas tivessem ganhado a segunda guerra talvez os judeus é que fossem considerados os monstros. A história muda, as lembranças mudam, o passado muda. E nada é tão presente quanto o passado.
O que importa é que nós escolhemos como vamos lembrar ou esquecer do que acontece.
Eu odiei ler o que tinha escrito, odiei minha letra e odiei saber que aos dez anos dava tchau pro diário toda vez antes de parar de escrever, então eu juntei tudo e queimei ('espríto piromaníaco' delicioso). Agora é só esperar que as lembranças sejam levadas junto com as cinzas pelo vento, pra eu poder mudar tudo na minha cabecinha e fingir que certas coisas nunca aconteceram. Ain't oblivion grand? Damn!

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Esse poema bateu tanto e tão certo que me deixou sem ar.
Um sábio ancião me disse que o autor, sem saber, o escreveu pra um certo casal... e eu acredito.

Amar você é coisa de minutos
A morte é menos que teu beijo
Tão bom ser teu que sou
Eu a teus pés derramado
Pouco resta do que fui
De ti depende ser bom ou ruim
Serei o que achares conveniente
Serei para ti mais que um cão
Uma sombra que te aquece
Um deus que não esquece
Um servo que não diz não
Morto teu pai serei teu irmão
Direi os versos que quiseres
Esquecerei todas as mulheres
Serei tanto e tudo e todos
Vais ter nojo de eu ser isso
E estarei a teu serviço
Enquanto durar meu corpo
Enquanto me correr nas veias
O rio vermelho que se inflama
Ao ver teu rosto feito tocha
Serei teu rei teu pão tua coisa tua rocha
Sim, eu estarei aqui



Paulo Leminski

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Saudade





Triste parto, sonho de um sonho que se desfaz
Dormir, talvez, e não ser mais
Vida que jaz num retrato
De onde me vês não mais estás...