domingo, 22 de abril de 2012

Nostalgia, saudade, sonhos e crimes

Sonhar com uma música que não se houve há quase 8 anos. Passei o dia tentando lembrar qual seria, revirei os antigos vinis empoeirados em vão, até que por fim pedi ajuda à minha mãe, que conseguiu me apontar o caminho certo. Era Pavarotti. E aí lembrei de todos os domingos em que papai ouvia vinis e mais vinis, cassetes e mais cassetes, de Pavarotti, de tango, de bolero. Geralmente aos domingos ele iniciava essas sessões nostalgia, geralmente deitado em seu quarto à meia luz, provavelmente sozinho. Já na pouca idade, compreendia que ele deveria estar revivendo e relembrando tantos momentos importantes de sua vida.
Talvez eu até ficasse enciumada com aquelas lembranças, não me recordo ao certo, mas sinto que me incomodava perceber que meu pai sentia falta de uma vida anterior àquela que ele tinha conosco, falta da sua juventude e sua época gloriosa, dançando tangos e valsas em salões importantes, com gente importante, em tempos importantes.
Sinto que apareceu em meu sonho desta noite, e por isso esta trilha sonora para ele, mas não me recordo se vi ou não sua figura imponente a figurar no meu inconsciente. Ontem assisti a um Chaplin, Tempos Modernos, e hoje a outro, A dog's life. Papai adorava Chaplin e todo o estilo comédia pastelão, até porque Chaplin foi mais ou menos seu contemporâneo. À época de Tempos Modernos, por exemplo, meu pai tinha 6 anos. Demorei bastante a assistir meu primeiro Carlito. Tenho essa mania de adiar certos clássicos. O Poderoso Chefão, fui terminar de assistir há pouco tempo, a trilogia. Obra prima! Master piece, clássico dos clássicos e três dos melhores filmes de todos os tempos do cinema, ouso dizer. Além disso, outra coisa em comum com o assunto desse post: os filmes preferidos do meu pai.
Dos filmes d'O Poderoso Chefão, os dois primeiros, sublimes, etéreos; o último eu considero um semideus, o que mais se aproxima dos mortais da trilogia. Talvez pelo grande intervalo de tempo em que foi filmado, comparado aos outros. Essa história marcou minha vida de inúmeras maneiras (por eu ter descendência siciliana e meu pai ter sido uma espécie de "padrinho", por ter esse sangue italiano correndo nas veias, e esse nariz que não me deixa negar a ascendência). E aí revirando os vinis, coincidentemente me deparei com um que tinha a trilha.
Filmes, músicas, sonhos, vinis, domingos, tudo convergindo em um único ponto. Verdade que ele sempre está e estará presente na minha vida de diversas formas, mas possivelmente dessa vez tenha sido pelo escândalo que aconteceu recentemente, envolvendo meu irmão mais velho, o primogênito de meu pai.
Papai amava seus filhos incondicionalmente, mesmo sabendo de seus defeitos, e em matéria de defeitos, meu meio-irmão mais velho é hors concours. Meu pai costumava dizer "Marco T. só não engana B. (seu filho/meu sobrinho) porque esse ainda é novo e não faz negócios".
Não escondo e faço questão de não esconder todo meu desafeto com essa parte da família, meus cinco irmãos mais velhos. A questão é que sempre achei que toda desonestidade e mau caratismo deste primogênito de meu pai fosse passar ilesa durante a vida toda, mas feliz e surpreendentemente, não foi isso que aconteceu. Preso em flagrante por suborno e extorsão, meio milhão de reais em jogo. Que vergonha! Manchando um sobrenome que meu pai construiu durante toda a vida. Enquanto o pai era notícia por ser honesto, o filho o é pelo contrário. A verdade é que, como disse minha mãe, se meu pai já não estivesse morto, morreria de vergonha e desgosto com essas notícias.
Lamento muito, e ao mesmo tempo, fico feliz que a justiça tenha sido feita. E bem, segue a vida. Em meio a nostalgias, artes, sonhos, saudades, intrigas e crimes. E vai-se construindo e se escrevendo. Em nome do pai, amém.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Sussurros do travesseiro - eu os ouço

Fogo nos braços das árvores
Folhas de outono
Véu das bruxas
O luar
No céu, o rei sentado em seu trono
E milhares de estrelas brilhando no mar.
Janelas abertas
Debaixo das cobertas,
ouço o vento cantar
Enquanto sopra poemas de amor
E uma canção de ninar.



23/03/12

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Não me pergunte, eu já estava pronta pra dormir quando minha cabeça se ocupou com essas frases, só ouvi atentamente o que ela me pedia que escrevesse.

Postando porque já faz um tempo que não posto nada meu por aqui, e essa foi a última coisa que escrevi. Enfim... há poucos minutos era 1º de Abril. Feliz mês novo, que traga alguma esperança. ~ un peu d'e s p o ir *