quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Esse poema bateu tanto e tão certo que me deixou sem ar.
Um sábio ancião me disse que o autor, sem saber, o escreveu pra um certo casal... e eu acredito.

Amar você é coisa de minutos
A morte é menos que teu beijo
Tão bom ser teu que sou
Eu a teus pés derramado
Pouco resta do que fui
De ti depende ser bom ou ruim
Serei o que achares conveniente
Serei para ti mais que um cão
Uma sombra que te aquece
Um deus que não esquece
Um servo que não diz não
Morto teu pai serei teu irmão
Direi os versos que quiseres
Esquecerei todas as mulheres
Serei tanto e tudo e todos
Vais ter nojo de eu ser isso
E estarei a teu serviço
Enquanto durar meu corpo
Enquanto me correr nas veias
O rio vermelho que se inflama
Ao ver teu rosto feito tocha
Serei teu rei teu pão tua coisa tua rocha
Sim, eu estarei aqui



Paulo Leminski

3 comentários:

Anônimo disse...

Só que não serei: sou. Nem estarei. Estou.

Unknown disse...

Paulo Laminski é um poeta fantástico. Eu, incluse, gosto de um poema dele que começa assim: Já me matei; Já me matei faz muito tempo; Me matei quando o tempo era escasso; E o que havia entre o tempo e o espaço; Era o de sempre.

Recordei a ti estes dias quando começava a ler um livro de Baudelaire. Lembrei-me que gostas dele... Eu o gosto, mas no campo da poesia, embora não rejeitaria a leitura de ensaios dele.

Creio que em breve termino de ler vossos escritos. Sois realmente uma moça de uma peculiar e notável inteligência. Sem tocar na questão do dom magnífico com as palavras, que é, igualmente, de se embasbacar.

Adorei, em especial, uma poesia vossa, escrita em fevereiro, salvo engano.

Você é, sem sombra de dúvida, uma ótima escritora.

Rômulo Pacheco disse...

Eu vou te linkar também. Amanhã, pq hoje estou terrivelmente cansado e só agora fui ver o comentário no blog.
bjão =**