quinta-feira, 13 de maio de 2010

Quando o tarde demais começa...

Seria bom se pudéssemos saber quando o tarde demais começa. Se pudéssemos receber algum aviso do tipo "Você está prestes a adentrar a área do tarde demais. Cuidado, esse é um caminho sem volta!", uma espécie de alerta. Assim saberíamos a hora exata de parar, ou quando continuar.
Saber quando é tarde demais para começar algo, tarde demais para terminar algo. Quando será que cruzamos essa fronteira imperceptível? Porque quando percebemos que a ultrapassamos já é tarde demais.
Tarde demais para voltar atrás, tarde demais para avançar, tarde demais para mudar de lugar. Tarde demais para coisas bobas e tarde demais para coisas sérias. Tarde demais para parar de fumar, tarde demais para começar a estudar, tarde demais para começar uma dieta, tarde demais para amar, tarde demais se desculpar, tarde demais para agir.
Por outro lado, nunca parece ser tarde demais para se ficar omisso. A omissão parece ser constante e pontual. Nunca é tarde demais para ser tarde demais. Nunca é tarde demais para cruzar os braços em relação a algo. E é aí, quando nos damos conta dessa verdade da vida, que percebemos que o tempo não está a nosso favor, ele age contra nós.
Cada segundo que se passa é um pouco mais tarde, é um pouco mais perto do tarde demais. Como se a vida constantemente nos empurrasse em direção ao tarde demais. Alguns se deixando levar, outros ainda lutando contra.
Talvez ainda passemos por vários tardes demais durante nossa vida até que atinjamos o último tarde demais.
Os mais pessimistas dirão que até mesmo para essa derradeira hora chegaremos atrasados. Os otimistas, é claro, dirão que o tarde demais não existe, que é uma condição fictícia criada por uns e outros para alertar que nossos atos têm causas e consequências. "Nunca é tarde demais para viver!", eles dirão. Mas a vida, diferente do tarde demais, não é uma via de mão única. Do nada se veio e ao nada se voltará, e o tarde demais, mais cedo ou mais tarde, sempre cruzará nosso caminho.
Então podemos concluir uma coisa a respeito do tão misterioso e inesperado tarde demais: tarde demais nunca começa, tarde demais sempre termina. Tarde demais é uma conclusão, um ponto final. Talvez o último ponto das reticências...

2 comentários:

Deborah Diniz disse...

Eu nunca tenho essa noção de tarde demais... pra mim sempre há tempo.
Não sei, acho que é porque eu sempre vivo tentando adiantar as coisas, planejando tudo... vai entender.

márcio disse...

cara, isso realmente foi muito bonito