segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Estava ansiosa pra saber o que as pessoas poderiam ter achado da minha nova forma de escrever, então não consegui me conter e sai por aí à busca de opiniões. Exigi que fossem sinceras, e consegui aqui e acolá um "Ótimo, não sabia que tu escrevias tão bem". Não me agradei. Gosto de críticas sólidas e baseadas em algo. Críticas construtivas, positivas ou negativas. Então fui mais a fundo e consegui colher outras, um pouco diferente das primeiras. Nessas eu escutei com todas as letras que devia ter ficado seguindo a linha anterior, que era bem melhor assim. Também sem fundamento. Sem erros apontados. De repente, me dei conta de algo. De algo que aprendi com minha alma gêmea de outros tempos, Rainer Maria Rilke (quanta pretensão, hein?). Lembrei-me de algo que ele diz em Cartas a um jovem poeta :

"Pergunta se os seus versos são bons. Pergunta-o a mim, depois de o ter perguntado a outras pessoas. Manda-os a periódicos, compara-os com outras poesias e inquieta-se quando suas tentativas são recusadas por um ou outro redator. Pois bem — usando da licença que me deu de aconselhá-lo — peço-lhe que deixe tudo isso. O senhor está olhando para fora, e é justamente o que menos deveria fazer neste momento. Ninguém o pode aconselhar ou ajudar, — ninguém. Não há senão um caminho. Procure entrar em si mesmo. Investigue o motivo que o manda escrever; examine se estende suas raízes pelos recantos mais profundos de sua alma (...)"

"E se, deste ato de se voltar para dentro de si, desse aprofundamento em seu próprio mundo, resultarem versos, o senhor não pensará em perguntar a alguém se são bons versos."

E foi justamente isso que eu achei. Não importa o quanto os outros não gostem, eu sempre irei gostar, porque foi resultado de uma reflexão interna, de um aprofundamento em meu mundo. Tão sutis, tão espontâneos, deslizando em leve e rápida conexão dos neurônios aos pulsos. Pensamentos brutos, não lapidados. E por isso eles me agradaram mais. Escrevi ainda por esses dias dois textos novos, que aqui vão:

Dias cinza

Chove por dentro
Alagandando-me a alma
Gotas d'água transbordam pelos olhos em cascatas
Marejando-me a face
Uma tempestade ocorre dentro de mim
Trovões de meu medo ecoam ao longe
Nuvens carregadas de ódio chocam-se
Provocando relâmpagos de sentimentos
Outrora tão fracos e apagados
Dias cinza estão por vir

11/01/08


Sentindo ainda teu beijo em minha boca
E teu cheiro em minhas mãos
Minha mente andava ocupada
Com a imagem de teu sorriso
E quando regressava para casa,
Depois de encontrar-te
E o peito apertava
Por que tive que deixar-te
Pedi, obrigada pela saudade,
À gélida brisa da madrugada,
Que um recado te entregasse
Disse a ela que desse por mim
Um doce beijo em tua face

13/01/08

2 comentários:

Divinius disse...

Não iludo as palavras elas é que me iludem apenas lhes acrescento letras elas acrescentam-me vida.
Gostei de ler...*

Anônimo disse...

Words are objects of art... and art is relative. :)

:***