domingo, 14 de março de 2010

2001, uma odisséia no espaço - O futuro do Pretérito






Finalmente assisti 2001, uma odisséia no espaço, e apenas ao assistí-lo pude compreender porque é considerado uma das pedras de sustentação da muralha "cinemática". O filme mostra um futuro nem tão distante da data de sua criação, mas definitivamente séculos distante da realidade. Stanley Kubrick criou um universo inteiramente novo em 2001. Hoje, estamos no ano de 2010, e ainda bem distantes da visão futurista do diretor. Considerei até uma certa ingenuidade da parte de um gênio de visão tão inovadora, imaginar que em apenas trinta e poucos anos o mundo mudaria tanto, e nós já estaríamos conquistando o espaço.
Então eu, do sofá da minha sala, olho pra trás, pro ano de mil novecentos e sessenta e oito, ano de lançamento do filme, e percebo que muitas das minhas expectativas em relação ao futuro convergem com aquelas, que imaginaram há anos atrás, um futuro que hoje já me é passado. Aí é que eu penso em como caras como Kubrick ajudaram a esculpir todo um imaginário de gerações futuras a partir de sua própria imaginação, a partir do arquivo imagético de sua cabecinha. Sim, hoje, em 2010, ainda sem odisséias no espaço, pessoas como eu e você imaginamos odisséias no espaço. Temos essa visão de que o futuro será minimalista, que os computadores substituirão os humanos em muitas funções de inteligência e raciocínio, e talvez até terão emoções. Que será possível pegar uma espaçonave como se pega um avião, que as roupas serão assim e assado, que o moderno deverá ter essa aparência, e o retrógrado aquela, exatamente como em 2001.
Não que eu esteja querendo dizer que naquela época ainda não predominavam essas idéias, e que todas elas surgiram da mente kubrickiana, não é isso. O que eu digo é que ele deu forma a essas idéias, esculpiu mesmo, moldou nosso imaginário com as cenas de sua odisséia espacial. Ora, esse filme foi responsável e criador de uma estética completamente inovadora, dentro e fora do cinema. Não é à toa que é considerados por muitos a mais grandiosa, e talvez também a mais ambiciosa, obra de ficção científica de todos os tempos, e um dos filmes mais influentes do cinema até os dias de hoje.

Um comentário:

Nisia disse...

Olá!!!
Que delícia encontrar este blog!
...
Apesar das formas novas, não deixo de lembrar daquela música: "ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais".
Muda a aparência, mas as sensações serão sempre as mesmas: a solidão, a esperança, o assombro diante do desconhecido, a perplexidade.
Até quando o computador se torna humano, ele somente se transforma naquilo que somos em essência: medo e confusão.