quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

So this is the new year and I don't feel any different [pt 1: ainda não, mas já]

Ainda não é ano novo, ainda não é nem natal. Cá estou eu, ainda no ano velho, chegando ao fim, permeado pela incerteza de que um novo ano chegará. Não que haja alguma certeza ou tenha havido, mas a música "adeus ano velho, feliz ano novo, que tudo se realize no ano que vai nascer" taí pra mostrar que há esperança de um novo dia, um novo ano, um nascimento. O fechar de uma porta com abrir de outra. Enfim, dessa vez a dúvida foi incitada pelos maias e o calendário que acaba em 21/12/12. Hoje, 01:10 da manhã de 13/12/12, dia seguinte à ultima data repetida qu'eu vou presenciar enquanto viver: 12/12/12. Porque certamente nem eu, nem você estaremos aqui quando - e se - 13/13/13 chegar. O que leva a pensar na morte. O fim de tudo que algum dia existiu. O que leva a pensar na existência. Minha limitada consciência não é capaz de alcançar a compreensão exata de que: se algo existe deve ter nascido, tido um começo. O pífio entendimento humano é limitado e, dito isto, limita-se à percepção da finitude, do tempo. O tempo que talvez seja apenas uma ilusão, que passa por nós enquanto passamos por ele, nos traz e leva, nos começa e acaba. Ciclos, calendários, anos, dias, meses, horas, segundos... seria toda medida de tempo também uma medida de distância? Um sopro invisível que nos transporta do agora ao além. Mas o agora, até mesmo agora já não é mais. Já foi-se para outro lugar. Agora olhamos pelo retrovisor o que estava à frente da estrada há apenas 1 segundo. E, se em 1 segundo somos transportados a outro lugar, a outra distância, onde chegamos em um ano? 31 milhões, 536 mil segundos depois; dentro de um planeta que dá 365 voltas em torno de si próprio e uma volta em torno do sol. Depois do antes, sem sequer sabermos mesmo se existe tais coisas como antes, depois, tempo. Mas nós humanos decidimos que existe, e se existe, foi criado, nasceu... e morrerá? O fim dos tempos será o fim do tempo? Estariam os maias certos? Olhando para o céu descobriram suas respostas e criaram suas teorias. Olhando para o céu contamos dias e noites, meses e anos. Contamos nossas vidas, nossas idades, nossas distâncias. A cada dia nos afastamos do ponto inicial e rumamos ao ponto último, final. Alfa e ômega. Carl Sagan dizia que se olhássemos para o céu mais frequentemente conheceríamos melhor a nós mesmos. Eu concordo. O céu estrelado sempre foi o que mais me fascinou em toda natureza, em toda minha existência. Anos-luz é uma medida de distância, não tempo, dizem os físicos. Eu digo que um está no outro, simultaneamente, no agora. Quando comecei a escrever esse texto, não pretendia falar metafisicamente, ou ao menos achava que não. Com minha lista de resoluções deste ano em mão, a intenção primeira era fazer uma retrospectiva do ano, me pôr a refletir sobre meus km/h. Ainda mais nessa fase de transição, de fechamento de um ciclo em que estou, de formação e formatura. Mas o texto já ficou grande demais. Se houver tempo para mim, haverá uma continuação. Se o mundo não acabar e o meu mundo também não, e eu sobreviver à profecia maia, farei então, minha retrospectiva - e tentarei perceber e entender quantas voltas dei em torno de mim mesma enquanto a terra orbitava o sol.

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