sábado, 2 de abril de 2016

Ar/Dr

Eu não sabia o que seria de mim, de nós, depois daquela noite. Eu não sabia o que sentiria depois que entrássemos na vida um do outro, sem pedir licença, invadindo tudo que era espaço vazio, das nossas mentes, dos nossos corpos, dos nossos corações. Bêbados, alterados, sóbrios, juntos, distantes, sintonizados. Desregulamos nossos relógios, desacertamos os ponteiros e descruzamos os dedos, que juntos, pareciam prontos para voar. Eu não imaginava a falta que você faria todos os dias, eu nunca permiti que você levasse embora consigo um pedaço de mim, mas você foi mesmo assim.

~30/05/13

Postando vários rascunhos antigos, sem nenhum motivo específico. Talvez desencaixotar tudo que andava guardado.

Um comentário:

Siturcio disse...

Belíssimo. Eis um daqueles poemas que afetam não apenas textualmente, ou pela estrutura, mas instigam e inquietam mentes que buscam algo além do senso comum. Há tempos não lia algo tão belo, profundo e inquietante. "Fazer amor com memórias apagadas"... é, quiçá, uma máxima do mundo moderno, é a receita da vida líquida digital.Belíssimo.

Parabéns, e renovo minha profunda admiração.