sexta-feira, 21 de março de 2008

Adeus! Eu te amo...

É muito importante ressaltar que este texto é fictício, fruto da minha imaginação, que se pôs a pensar em relacionamentos deste tipo. Não quero que confundam nenhuma palavra dita aqui com o real relacionamento que mantenho com meu namorado. Claro que o texto é levado conforme minhas opiniões quanto ao assunto, e foi inspirado na discussão resultante do término de relacionamento de duas pessoas muito próximas a mim. Pode ser considerado um conto, doce e trágico sobre relacionamentos que fracassam.


Espero que depois não perguntes o que fizeste de errado. O problema foi a indiferença com meus sentimentos. Sabias que há muito tuas atitudes não mais me agradavam, e mesmo assim prosseguiste. E contra meus pedidos, o fizeste. Agora eu simplesmente lavo minhas mãos, assumindo a mesma postura omissa que tu assumiste para com minha opinião.

Sabendo que havíamos passado recentemente por uma fase turbulenta, em que o amor que eu sentia por ti fora posto à prova. Sabendo que devido a teus esforços conseguimos superar esta fase, continuaste. E o fato de teres continuado não foi nada encorajador para mim. Na verdade foi o estopim, a explosão final.

Me incomoda pensar que tu não pareceste te importar com a ameça que tua atitude significou para nós, pois apenas seguiste em frente. E ainda disseste que eu precisava ser mais flexível. Pedido este, absurdo, quando durante todos esses longos anos que vivemos juntos o que mais fiz foi ceder.

Então me pergunto agora: que tipo de relacionamento é este? Não tenho tendências masoquistas e tampouco paciência infinita. Claro que tivemos nossos bons momentos.
Sei que tu me amas, assim como te amo, mas tudo tem seus prós e contras, e pesando-se os dois lados, o que prevalece? Talvez a resposta esteja explícita.

O amor que temos é grande e forte demais, mas às vezes, meu querido, aprende-se a duras penas, como eu aprendi, que amor não é o suficiente. É preciso bem mais.
Confiança e compreensão são imprescíndiveis, bem como tolerância, mas esta já foi tolerada demais.

Então por que eu deveria ter a paciência de Jó e tolerar todos os teus erros, para no final ainda sair como a incompreensiva. Quando se quer mudar é ótimo, mas em todos estes longos anos que vivemos juntos tu nunca quiseste.

Ainda assim espero que um dia reconheças, e queiras mudar, mesmo que eu já não esteja mais perto para saber.

E como tu podes querer que eu me sinta, dada a maneira como procedeste? Amada e importante, com tudo que penso e sinto sendo friamente ignorado? É impossível sentir-me assim e ainda ouvir uma espécie disfarçada de 'cala-boca' vindo na forma de 'seja mais flexível'.

E quanto a nós? Onde ficamos, como ficamos? Acho que na verdade tu não te importas tanto assim, pelo modo como ages. Estamos cansados de saber que palavras não são nada, e que as atitudes é que falam mais alto, mesmo que as palavras sejam gritadas garganta a fora. Elas acabam sendo desnecessárias. Como já dizia a sábia música de Depeche Mode.

Meu bem, tu és assim, e não creio que vás mudar. Por mais que tenhamos acreditado nisso durante todo esse tempo. Um dos maiores erros em um relacionamento é
pensar que se pode mudar o outro, mas adivinhe só: não se pode!

E eu sou a prova viva disso. Tu me jogaste fora da tua vida, jogaste tudo para o alto. Talvez tu te arrependas no futuro. Talvez tu te aches a pessoa mais coberta de razão do mundo. Eu nunca saberei, isso apenas tu saberás.

Não me arrependo de nada que fiz, ou de nada que passamos juntos. Apenas lamento que tudo isso tenha que acabar desta forma. Mergulhei neste relacionamento esperando que fosse durar para sempre, esperando que fôssemos casar, ter filhos e um cachorro. Esperando que passássemos o resto da vida juntos. Mas não foi. Mas não foi para sempre, e acabou. Agora acabou.

Eu realmente não queria sair da tua vida, e não queria que tu saísses da minha. Mas se tem que ser assim, assim será. Digo que te amo muito e arrisco até afirmar
que amo mais do que qualquer pessoa já amou. Sentirei muito tua falta, porque tu me marcaste de fato.

Nunca te esquecerei por completo, e espero ainda guardar apenas as melhores memórias. Memórias estas que doerão muito quando forem lembradas, mas a vida continua. Dói, mas continua. E talvez doa mais pra um que pra outro, mas ainda assim
ambos têm de continuar.

Não sei quem superará mais rápido, e pra ser sincera, prefiro nem saber. Também não me conformo com a idéia de que daqui a uns anos, nos encontraremos na rua, nos cumprimentaremos por educação, e todo o sentimento absurdo que um dia sentimos um pelo outro foi embora, já não existe mais, e nos tornamos meros estranhos novamente.

Talvez um dia, quando nos encontrarmos, paremos e pensemos "Esta foi a pessoa que mais amei em toda minha vida!", e logo depois este pensamento pareça apenas distante e engraçado, ou quem sabe, distante e absurdamente triste.

É a sensação de posse, o cuidado extremo e a preocupação imensa. Tudo isso nos mantêm ainda prisioneiros da inconformação. Terminar agora foi difícil, mas depois poderia ser bem pior.

Tu me perguntas como fazer para esquecer, e eu te pergunto exatamente a mesma coisa. Porque apesar de estar encerrando aqui nosso caminho, não quer dizer que tenha esquecido por onde andei, ou tenha uma fórmula pronta para isso. Eu apenas seguirei em frente. Caindo e me reerguendo. E espero que no fim de tudo, consiga tirar alguma lição.

Eu te amo muito e te desejo sinceramente apenas o melhor. Não quero que tu tenhas raiva ou rancor de mim. E por mais triste e difícil que seja, um dia ainda conseguirei torcer para que encontres alguém que te complete e te faça feliz, já que não pude fazê-lo. E espero que tu me desejes o mesmo.

Num fantástico mundo, eu gostaria de pensar que um dia, ambos teremos corrigido todos os piores defeitos que nos impediram de continuar. E neste dia nos encontremos e reconheçamos o quanto fomos inconsequentes de termo-nos deixado ir por estes erros. E então, fiquemos juntos novamente, novamente e para sempre, como sempre quisemos. Mas este dia infelizmente é, e será apenas fantasioso. Alimentado pela esperança que sobreviveu das cinzas do nosso amor.

Adeus! Eu te amo...

3 comentários:

Anônimo disse...

Eu também tenho isso de me imaginar na situação dos outros.
Gostei bastante do texto. beeijo

Lanna Costa disse...

Uau! A construção do sentimento do narrador personagem foi tao profunda e verdadeira que senti um leve pesar. Todo esse amor, um amor tão grande que mesmo quando o amor acaba ele não acaba. Não é contraditório? Muito se perguntariam. Nao , isso é amor! Talento explícito, você, Erika! Já te disse isso?

Lanna Costa disse...

Uau! A construção do sentimento do narrador personagem foi tao profunda e verdadeira que senti um leve pesar. Todo esse amor, um amor tão grande que mesmo quando o amor acaba ele não acaba. Não é contraditório? Muito se perguntariam. Nao , isso é amor! Talento explícito, você, Erika! Já te disse isso?