domingo, 6 de abril de 2008

Por una cabeza

Hoje eu senti saudade. Uma saudade muito forte, que se apossou de mim. Me fez chorar. Soluçar. E veio tão de repente. A saudade mais dolorosa que há! Foi só ouvir um tango que lembrei dele, e desabei a chorar. Por isso evito ouvir tango. São tantas memórias. É tão melancólico pra mim.
Hoje senti saudade de um homem. Mas não qualquer homem. Um dos mais inteligentes e brilhantes, e sem dúvida o mais sensível. A figura masculina mais respeitável que já conheci.
Não nos despedimos, e quando voltei, ele já não estava mais aqui. E nunca mais estará. E toda vez que tento vê-lo, sempre que vou visitá-lo, ficamos tão distantes. Ele não me responde mais, nem me consegue ouvir.
E hoje eu sou tanta coisa sem ele. Coisas que ele não se orgulharia que eu fosse. E isso aumenta meu pranto. Eu sempre sou tão fraca, e ele sempre foi tão forte.
Qualquer saudade é minúscula perto desta. E há tanto tempo que não a sentia assim. Corri e apanhei suas últimas fotografias. Minha memória de seu rosto já se tornara falha. O que mais lembro são as mãos, manchadas da idade, dedos compridos, pele macia. Lembro da voz grave, grossa, zangada e imperativa, e no entanto, às vezes tão doce.
Me orgulho de ter conhecido este homem. De parecer com ele, em diversos sentidos. De ter sido gerada por ele. Me orgulho por este homem ter existido. Por poder tê-lo chamado de pai. Por ter sido a última pessoa que beijou suas mãos já sem vida. Me orgulho desta saudade, e de chorar estas lágrimas quentes por ela. Me orgulho da dor que dilacera o peito, e do sobrenome que carrego. E se me orgulho de viver, e ser quem sou, é por ele.
Meu ídolo, minha maior saudade. Meu muitas vezes esquecimento analgésico. Os tangos nas tardes de domingo. E são quase quatro anos...

10 comentários:

Anônimo disse...

Teste

Anônimo disse...

Teste...

Anônimo disse...

Ressaltando que esses "testes" foram meus, por conta de um acidente que houve com o desaparecimento de meu comentário aqui. Vou deixando a fúria (que foi bastante) de lado, e tentando relembrar o que escrevi, acompanhe:

O tango, ao ser ouvido nos traz essa sensação de nostalgia, assim eu acho; sentidos envelhecidos e distantes ainda complementam mais. Uma vez eu li a frase "O tango é um pensamento triste que se pode dançar" Acredito que, como exemplo: essa tristeza é arranhada pelo instrumental que declina sobre a música, dentre outras sensações. Não se assemelhada em nada, outra coisa a não ser: sensualidade; e da outra moeda: melancolia, assim como disse no teu post.
Não deixe de escutar, assim como diz que evita, porque se mostra um elo forte - ainda mais musicalmente - entre tuas sensações e lembranças distantes quanto a alguém que se foi; e a transformação do tempo em tempo - pantera e aliado - é que acredito que se renderá em formas e contornos de boas lembranças eternizadas, mas sem soluços, quando este vier.

"Uma tarde de abril suave e pura
Visitava eu somente ao derradeiro
Lar; tinha ido ver a sepultura
De um ente caro, amigo verdadeiro.
(...)
Da morte, quem matou-te o coração?"
Ele apontou para uma cruz no chão,
Ali jazia o seu amor primeiro!
(...)"

Nem sempre as pessoas tem formas que agradam as outras; com mais gravidade ainda das que pouco se conhecem. Há sempre uma crítica mesquinha cheia de hipocrisia - mas isso é outra história; porém, há a eternidade da ligação sanguínea e - não tecnicamente - paternal. Essa!, sim é a que talvez nos mostre quem somos, quando temos os mais próximos conosco cravando ainda mais o fomos dentro de nós mesmos, e não quando nos expomos para outros. E digo que da metamorfose transformaste em mulher: das mais cativantes e inteligentes; das mais lindas. E dentre isso, "mil outras coisas" te tornam alguém para se ter orgulho de estar próximo, assim como Ele teria. Não te deixe abalar por si mesma, porque és muita coisa, e como é para mim. Inumanos, perfeitos, morais e imorais: quem somos? É um misto, mas as mais importantes mesclas são as que mais dizemos e escrevemos. Por isso escrevo agora.



Não suporto quando chora. É mania e não é, mesmo nessa distancia.



S2


Henrique

Lorenna disse...

CARALHO! Hoje mesmo eu sonhei com ele, acordei com angustia no peito, falei dele pra luís pedro, to inclusive ouvindo uma música que tá me lembrando ele agora mesmo e senti mais saudade que o normal.
Que coincidência.
Que estranho.

Anônimo disse...

Me emociono muito com textos como esse teu. Mais do que me emociono quando vejo os filmes mais tristes.

beeijo.

Anônimo disse...

Henrique sempre fofo.
A gente falou sobre isso, semana passada, lembra?
Pô, e como eu disse, eu não posso imaginar essa dor, mas sei o quanto é triste perder alguém.

Te amo nin. :*

Anônimo disse...

Impossível imaginar, mas ler isso doeu... a respiração trava quando é muito profunda, saca ?
Triste e lindo ao mesmo tempo.

Anônimo disse...

Te linkei, tá ?

Anônimo disse...

..Primeira vez que eu escrevo aqui,
bem, meio sem palavras .. ~/
Lembro que teclamos muito nesse dia aí, o tango foi mencionado, essa figura humana muitíssimo importante pra você também.
Bem, resolvi escrever aqui por isso, lembro bem q nesse dia você ficou meio mal, meio do nada.
Acho que você já está parcialmente melhor!
Beijos!

Your New Friend.

Paulo César di Linharez disse...

Eu sei como é isso.

(...)